domingo, 31 de agosto de 2008

Sobre a História do Hospital



Entre os imigrantes que chegaram ao Brasil no final do século XIX, a maioria era de origem italiana. Buscando melhores condições de vida, boa parte deles se fixou no Estado de São Paulo e alguns fizeram fortuna. Famílias como as dos Pignatari, Gamba, Falchi e Matarazzo, por exemplo, em pouco tempo já se destacavam no cenário dos “imigrantes que deram certo”. Colônia unida, logo criaram associações para ajudar os menos favorecidos. Foi assim que surgiu a Societá Italiana de Beneficenza in San Paolo, cujo objetivo era construir um hospital por meio de doações dos mais abastados. Muitos contribuíram, mas foi o Conde Francisco Matarazzo quem mais se engajou na iniciativa. A pedra fundamental do primeiro prédio deste atual complexo hospitalar, construído em 1904, foi doada por ele. Onze anos depois, o Conde custeou a obra e os equipamentos médicos de uma nova ala.

Assim surgiu a Casa de Saúde Francisco Matarazzo, que tinha como slogan “A saúde dos ricos para os pobres”. Em 1925, ele financiou outra construção no terreno, a Casa de Saúde Ermelindo Matarazzo. A idéia de construir a Maternidade,
foi de sua mulher, a condessa Filomena Matarazzo. Já a capela, hoje Igreja de Santa Lúcia, surgiu da iniciativa de sua cunhada, D. Virginia Matarazzo, que queria homenagear a santa padroeira da família. Durante muito tempo, o complexo hospitalar chamou-se Ospedale Umberto I e sua administração era escolhida por uma assembléia e pelo Cônsul Geral da Itália. Em 1941, passou a denominar-se Beneficência em São Paulo Hospital Nossa Senhora Aparecida e Casas de Saúde Matarazzo, sob a direção da Fundação Ítalo-Brasileira Umberto I.
Em 1970, o hospital firmou convênio com o INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) e por mais de dez anos foi considerado um excelente espaço de formação de profissionais. A maternidade, por exemplo, era vista como a melhor da América do Sul. Entre seus funcionários, estava a parteira oficial dos Matarazzo que, a partir de então, passou a fazer ali os partos de todos os netos e sobrinhos do Conde Francisco.
Foi neste hospital também onde se montou o primeiro banco de sangue do Estado de São Paulo. Mas por falta de recursos, uma vez que sempre dependeu de doações e das contingências político-econômicas para sobreviver, o complexo hospitalar foi vendido em 1996 para seus atuais proprietários: a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – PREVI.
Atualmente o terreno serve de estacionamento.
No antigo complexo aconteceram dois eventos: Casa Cor em 2003, e casa dos criadores em 2005.


ARQUITETURA DO HOSPITAL MATARAZZO

uando em 1878 a Societá Italiana de Beneficenza in San Paolo adquiriu o terreno que hoje compreende as atuais ruas São Carlos do Pinhal e Itapeva e a alameda Rio Claro, sua pretensão era construir um hospital para os imigrantes italianos que viviam nesta cidade. Entretanto, devido à escassez de recursos, só em 1895 é que a entidade começa a levar adiante a idéia. Os arquitetos Luigi Pucci e Giulio Mecheli vieram da Itália e idealizaram um prédio com capacidade para 250 leitos. De padrão neoclássico, possuía dois andares, divididos em duas alas e um anexo para doentes que podiam pagar. Mais uma vez, a falta de dinheiro impossibilitou a obra.
Foi só em 1904, graças às doações de ricas famílias imigrantes, como os Matarazzo, que finalmente o sonho tornou-se realidade. O projeto inicial, assinado por Giulio Micheli, não previa a expansão do hospital. Por isso, foi construído na parte central do terreno de 27.419 m2 o edifício que hoje é conhecido como Pavilhão Administrativo. De estilo Florentino, constitui-se de duas alas para cem leitos e sala médica. Cozinha e lavanderia foram feitas posteriormente. Em 1915, o Conde Francisco Matarazzo encomendou ao arquiteto italiano G.B. Bianchi, também responsável por seu palacete na Avenida Paulista, a construção da Casa de Saúde que leva o seu nome. Esta, assim como a capela (de 1922) e a Casa de Saúde Ermelindo Matarazzo (de 1929), seguem os mesmos princípios florentinos do primeiro prédio.
Sempre em expansão, o hospital ganhou novas alas, porém de arquitetura pouco expressiva. Entre elas a Clínica Pediátrica Amélia de Camilis (em 1935) e o Pavilhão Vitório Emanuele III (em 1937). foi erguido em 1943. Por iniciativa de sua mulher, a condessa Filomena Matarazzo, o Conde Francisco encomendou ao arquiteto Francisco Verrone, depois substituído pelo arquiteto Mário Calore, a construção da maternidade.

Batizado com o nome de sua esposa, o edifício tem a arquitetura típica italiana da década de 30. Com proporções e simetrias neoclássicas, destaca-se a sobriedade, a imponência e a contenção dos detalhes.

Pela conservação da estrutura física dos prédios e pela importância em relação à vida pública e social da cidade de São Paulo, todo o complexo hospitalar, que compreende 9.870 m2 de área construída, encontra-se tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico).


sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Uma foto da Maternidade e outra de um dos prédios do complexo amarelo


Postei duas fotos: uma da Maternidade Condessa Filomena Matarazzo, e a outra foto é de um dos prédios que compoem o complexo amarelo (onde funcionava o Hospital).
Triste ver eles completamente abandonado em deterioração!

Hospital Matarazzo...Inicio!!!!! Porque o hospital me marcou tanto?

Olá pessoal, vou me apresentar.

Meu nome é Luana, tenho 24 anos e sou de São Paulo.
Minha história no hospital Matarazzo é antiga, não era funcionária, nem médica, mais sim eu era uma paciente.
Nasci na Maternidade Condessa Filomena Matarazzo no dia 25 de Junho de 1984, e desde ali começei a frequentar o Hospital com a minha mãe e irmã!
Nós iamos lá, com muita freqüência, pois naquela época minha irmã e eu eramos muito doentes, sofriamos, principalmente de problemas respiratórios como Bronquite e Pnêumonia.
Minha mãe sempre ia me levar quase todos os dias ao hospital, sempre depois de passar muito mau durante a noite, sempre com muita febre. Podia ser em qualquer dia da semana, Domingos, feriados, como em um Natal de 1986! Enfim...a coisa era feia.......
Sempre iamos pegar o ônibus " praça da Bandeira" em cedo, e deciamos do busão, depois do tunél 9 de Julho, e subiamos a rua até chegar na Alameda Rio Claro!
Meu pai trabalhava nesta região (na Av Paulista, próximo ao hospital) durante muito tempo, e também já morou no bairro (da Bela Vista).
Na época, não me lembro se tinha o muro que tem agora, e o prédio era mais novo...mesmo que com os anos foi se deteriorando.
As cores eram bem berantes; amarelo, com as Janelas verdes, porém era um complexo de origem Italiana era muito bonito, clássico e enorme! Eram muitas pessoas que eram atendidas ali. A fila era grande...
Lá dentro também era bonito, mais como eu era muito pequena naquele tempo, não gostava muito das filas e das demoras! Iamos de um lugar para o outro, passavamos na consulta e depois iamos tirar raio X, que eu odiava, tinhamos que pegar aquele elevador de Manivela (escuro que fazia um barulhão) e iamos para aquela parte escura do hospital! Depois disso, iamos novamente passar na consulta, para depois tomar as famosas injeções! Essas faziam parte de nossas vidas, (eu já cheguei a tomar injeções todos os dias, de manhã e de tarde), e também as inalações, tomar remédios e etc! Me lembro que os médicos e as enfermeiras eram muito legais (claro, tirando na hora das agulhadas que eu chorava para não tomar). Gostava de ficar reparando no prédio, olhava as Janelas, os elevadores, as alas, as pessoas (mesmo aquelas em estado terminal), a Maternidade, os jardins que separavam uma ala da outra e até nos banheiros.
Achava o lugar muito lindo!
Eu lembro do busto do Conde Francisco Matarazzo, de uns retratos das enfermeiras pedindo silêncio, de um quadro de uns escravos.... e os bancos, as cadeiras!
Bem, tudo isso era uma rotina diária!!!!!! E foi assim por muito tempo.
Uma coisa que era comum é que sempre estavamos com febre. Uma vez eles me deram um banho com água gelada, para ver se a febre abaixava!
Álem do Matarazzo, passamos em muitos outros hospitais, mais o Matarazzo era sem dúvida, o mais que frequentavamos.
Infelizmente, no Hospital Matarazzo, presenciamos a morte da nossa tia, Iorides, que estava sofrendo de Hepatite B, e infelizmente, nada os médicos puderam fazer para salvá-lá!!!!! Ela foi descobrir a doença, tarde demais. Isso foi em 1988.
As vezes mesmo sendo criança, me impressionava com o estado de algumas pessoas na parte do pronto socorro.
Muitas sem orelha...sem mão........
Também passavamos em consultas normais, desde aquela época eu era (e sou bem magra), e passava em um especialista, além de passar no pediátra, no dermatologista e afins.

Com o passar dos anos, em 1990! Infelizmente parecia que o hospital estava entrando em crise, além disso, o complexo parecia estar precisando de umas reformas, mais não fisseram nada.
Mesmo assim em 1990 fomos muitas vezes lá.
A ultima vez que estive lá (com a minha mãe) foi em 1992, o hospital parecia que estava com seus dias contados, era muio triste ver aquele lugar tão bonito que salváva tantas pessoas, entrando em crise.

Em 1993, depois que voltamos de uma viagem, e eu estava estudando (na verdade estavamos em greve), fiquei sabendo pelos jornais da TV que o hospital Matarazzo, ou Umberto Primo havia sido interditado pela vigilância sanitária, e por estar com dividas altissimas, má administração, ou seria a especulação imobiliária? Que tinha intenções de demolir o complexo hospitalar para construção de um shopping, flat e salas comerciais? (Depois eu falarei melhor sobre isto).

De fato isso prejudicou muito os paulistanos que perderam um grandioso, o mais belo hospital de São Paulo, e graças ao descaso do governo, deixaram o hospital fechar.

Depois disso continuei estudando, e graças a este hospital que deixaram fechar, eu já não estava com nenhum problema de saúde, estava curadissima. E assim foi passando o tempo.

E eu falo depois, oque me motivou a querer reabrir o hospital?
Já falei todos os motivos...mais a História continua....